Lisboa, 30 nov (Lusa) - O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, defendeu hoje que as alterações de trânsito na cidade devem respeitar a vida dos moradores e não serem impostas "por questões puramente técnicas", afirmando-se perplexo com mudanças nas Avenidas Novas.

O autarca socialista respondia, na reunião pública do município, ao representante da Associação de Moradores das Avenidas Novas, que reclamou da introdução de dois sentidos na rua Dona Filipa de Vilhena e disse que a alteração está a causar "graves prejuízos" aos habitantes e comerciantes da zona.

O problema já havia sido levantado antes, na mesma reunião, pelo vereador do PSD Victor Gonçalves.

"Eu próprio pedi para receber a associação de moradores. Estou muito perplexo com o que se passa nas Avenidas Novas com alterações inopinadas de trânsito", declarou o presidente da Câmara de Lisboa.

"Não podemos perturbar a vida das pessoas por questões puramente técnicas. Viver na cidade não é só viver numa casa. A gestão da cidade não se faz só do ponto de vista técnico", disse António Costa.

Sobre a atual situação da rua Filipa de Vilhena, o autarca afirmou que se trata "de uma solução provisória que os moradores agora têm de suportar", devido à construção de um parque de estacionamento subterrâneo junto ao Instituto Superior Técnico e que obrigou a desviar para aquela via o trânsito da rua Alves Redol.

Contudo, sublinhou, "a câmara nunca tomou nenhuma deliberação nem foi ouvida sobre esta matéria", acrescentando que ainda não está decidida uma solução definitiva para o trânsito no local.

As declarações de Costa surgiram imediatamente a seguir à intervenção do vereador do Trânsito, Nunes da Silva (independente do movimento Cidadãos por Lisboa eleito na lista do PS), que, em resposta ao munícipe, disse ser "natural que hoje a Filipa de Vilhena tenha mais trânsito, porque recebe o tráfego da Alves Redol".

No entanto, o vereador afirmou que o acréscimo de trânsito só se verifica nas horas de ponta e que, de resto, o trânsito se faz com muita normalidade na zona.

"Eu vivi naquela rua muitos anos e isso mesmo é corroborado por vários dos meus amigos", disse Nunes da Silva, que acrescentou que a autarquia está a "fazer contagens" para perceber o impacto no trânsito.

O vereador disse ter recebido muitas reclamações de habitantes daquela rua, sublinhando que "não são os moradores da rua Filipa de Vilhena que decidem qual é o esquema de circulação nas Avenidas Novas".

Sobre se o trânsito se irá manter nos dois sentidos naquela rua, o vereador disse que a autarquia está ainda a estudar a questão.

Nunes da Silva admitiu ainda que há situações a melhorar na zona, nomeadamente contradições na sinalização nos cruzamentos e passeios muito danificados, problemas apontados pelo vereador social-democrata Victor Gonçalves.

JH.

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